segunda-feira, 5 de setembro de 2016

COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA ENTRE PAIS E FILHOS

Por: Mariana Corrêa

Você já ouviu falar em comunicação não violenta (CNV)? Sabia que ela pode ser muito últil entre pais e filhos?

A CNV ou A Language of Life é a obra da vida do psicólogo norte anericano Marshall Rosenberg e reflete sobre o que nos leva a nos comportarmos de maneira violenta e, por outro lado, o que nos mantém conectados à nossa natureza compassiva.

Quando Marshall tinha nove anos, morando em Detroit, ele e sua família tiveram que ficar dentro de casa por três dias por conta de um conflito racial violento. Mais de 40 pessoas foram mortas e, quando os conflitos diretos terminaram, Marshall começou a pensar sobre a forma como as pessoas se comunicavam. Já formado, passou a pesquisar os fatores que afetam a capacidade humana de se manter compassivo, focando-se no papel crucial da linguagem e do uso das palavras. Desenvolveu uma abordagem específica de comunicação (falar e ouvir) que permite uma conexão maior entre as pessoas para que a compaixão possa emergir, mesmo em situações críticas.

A CNV inclui um método simples de comunicação clara e empática constituída por quatro elementos: observações, sentimentos, necessidades, pedidos. O que se almeja é encontrar um jeito para que todos os presentes falem o importante sem culpar o outro, humilhá-lo, envergonhá-lo, coagí-lo ou ameaçá-lo. Essa forma de comunicação pode e deve ser utilizada não somente em regiões onde há conflitos, mas entre quaisquer indivíduos, incluindo a relação entre pais e filhos ou aluno e professor.

Parece algo simples, mas é preciso bastante autoconhecimento e um propósito real de praticar essa comunicação nas relações, especialmente quando a outra parte não a pratica. Com relação às crianças, é possível ensiná-las a expressar seus sentimentos e comunicar-se com elas de maneira que sintam-se ouvidas e acolhidas.

É importante, por exemplo, que você substitua julgamentos por declarações, quando você diz: "você é bagunceiro!", está fazendo um julgamento, ao contrário, você pode dizer "seu quarto está bagunçado", o que reflete, de fato, a questão que você quer levantar com seu filho.

Nomear os sentimentos é igualmente importante. Ao mostrarmos como nos sentimos, abrimos uma porta de comunicação com o outro. Assim, após um dia exautivo, ao invés de gritarmos pedindo silêncio ou nos irritarmos porque as crianças querem interagir, podemos simplesmente admitir aos nossos filhos o quanto estamos cansados e precisando de um tempo para recuperarmos nossas energias. Igualmente impotante é que consigamos assumir responsabilidades pelos nossos sentimentos. É diferente dizer que ficou irritado porque ninguém lavou a louça do que admitir que ficou irritado porque a louça não foi lavada e você chega muito cansada à noite e não gostaria de ter que fazer isso.

Também é importante falar sobre pedidos. Muitas vezes não sabemos do que precisamos ou o que estamos pedindo e como não sabemos o que queremos, não sabemos comunicar e, geralmente, não gostamos do que recebemos. Há muitos pedidos deslocados também. Queremos atenção, pois estamos cansados e nos sentindo sozinhos e acabamos reclamamos que "ninguém faz nada nessa casa", ou que "essa menina vive enfurnada no quarto". Quem sabe uma outra abordagem dizendo algo para a filha adolescente, como: "filha, tive um dia muito cansativo hoje, senti tua falta e gostaria de passar um tempo juntas. Sinto falta disso".
Por fim, é preciso falar sobre empatia, essa palavrinha da "moda", muito dita e pouco praticada. Empatia é a capacidade de sentir o outro. Se colocar no lugar do outro sob a perspectiva dele e não a sua. Empatia não é dizer que vai ficar tudo bem, nem dar conselhos ou citar exemplos bem piores. Empatia é saber que quem sente, sente em si, da sua maneira. Para receber com empatia, precisamos estar ali pelo outro, tentando identificar como como sentem o que sentem, oferecendo compaixão e acolhimento.

Para quem tiver interesse, há um minicurso gratuito de CNV com os filhos da empresa TeApoio que recomendo, só clicar aqui: cnvpais.teapoio.com.br. Há também diversos grupos para discutir o tema no Facebook.

Também é possível ler o livro do Marshall Rosenberg Comunicação Não - Violenta - Técnicas Para Aprimorar Relacionamentos Pessoais e Profissionais.

E para matar a curiosidade sobre que, afinal é Marshall Rosenberg, aqui tem uma parte de uma fala dele (2000).



____

*Mariana Corrêa mãe da Maira e do João Gabriel, bióloga, mestre em Ecologia, psicopedagoga e educadora ambiental e criadora do Pé de Minhoca.


Nenhum comentário:

Postar um comentário